martes, 20 de agosto de 2013

BRASIL: Editorial de A Nova Democracia.

Editorial - Liberdade para os presos políticos


 
 
 
"Democracia, como sabe vossa santidade, gera desejo de mais democracia. E inclusão social provoca cobrança de mais inclusão social. Qualidade de vida desperta anseio por mais qualidade de vida". Assim Dilma Roussef tentou explicar para o papa Bergoglio as jornadas de protesto popular de junho/julho, enquanto fora do Palácio Guanabara, onde ocorria a recepção ao chefe de Estado do Vaticano, outra manifestação era reprimida pela polícia do Estado reacionário gerenciado por Dilma/Cabral/Beltrame com a costumeira truculência.
Gente como Dilma (e todos os participantes da gerência PT/ PCdoB/FMI) enche a boca para falar de "democracia", "inclusão social" e "qualidade de vida", como se estivessem dando lições ao povo do que sejam essas quimeras vindas de suas cartilhas oportunistas eleitoreiras. E isto ao tempo que incrementam o aparato repressivo com o aumento desenfreado de seus efetivos, cria novos corpos como a Força Nacional de Segurança, ampliam os programas e planos de controle social – leia-se repressão sistemática – como UPP´s, Operação Paz no Campo, ademais das gestões por agravar a penalização de crimes contra a "ordem pública", novas tipificações de crimes e aprovação de lei antiterrorista.
A seguir a lógica estreita petista, poderia-se dizer que "miséria gera desejo por mais miséria". Claro, da parte do latifúndio, da grande burguesia, do imperialismo e dos lacaios que gerenciam seu velho Estado, é exatamente esse o desejo.
O oportunismo na gerência do velho Estado tenta se fazer passar pelo suprassumo da esquerda, tentando encaixar toda oposição à direita, posando de sérios e responsáveis aos seus amos, ao mesmo tempo em que potenciam seus programas assistencialistas da receita imperialista de "políticas compensatórias" na corporativização das massas mais empobrecidas.
Pois bem. É esse mesmo oportunismo, o rebotalho da política eleitoreira, que incrementou enormemente a repressão policial nas grandes cidades e no campo, que jogou exército, Polícia Federal e Força Nacional de Segurança contra povos indígenas, camponeses favelas com assassinatos e massacres e nos canteiros de obra do PAC com prisões, torturas e desaparecimentos ali mesmo, onde trabalhadores ousaram se rebelar contra o cativeiro operário.
E justamente quando a juventude do Brasil se levanta contra o velho Estado, contra a violência sobre o povo, rechaça o eleitoralismo de todas as siglas do partido único, em repúdio à corrupção endêmica, ao sistemático abuso de poder e privilégios absurdos das "autoridades", exigindo mais direitos, como o fim dos aparatos repressivos, etc., é que vemos a verdadeira face da "democracia" de PT e corriola.
E não é apenas na forma de cassetetes, bombas de gás, de efeito moral, spray pimenta, jatos d'água e tiros de balas de borracha e munição real que a democracia petista se expressa. Hoje é grave também a prisão política e maus tratos de milhares de manifestantes pelo Brasil e de dezenas que seguem encarcerados, vítimas de toda sorte de acusações infundadas, muitas inclusive "plantadas", como formação de quadrilha, porte de explosivos, terrorismo, e etc.
É quase impossível compilar números confiáveis do total de presos (próximo a 2 mil) pelos esbirros da reação durante os protestos e depois deles quando, absurdo dos absurdos, a polícia chegou a invadir casas de manifestantes para prendê- los. Não se sabe ao certo ainda quantos continuam encarcerados já que os órgãos de segurança tergiversam ou se negam a informar.
Muitos, inclusive, foram apanhados em encenações patéticas dos agentes da repressão, que plantam provas e forjam todo tipo de artifício para incriminar manifestantes e até mesmo simples transeuntes.
O certo é que, a exemplo dos anos do fascismo mais negro em nosso país, os ocupantes da gerência do velho Estado não toleram a mais mínima contestação por parte das ruas e reagem a ela da mesma maneira discricionária, criminalizando todo e qualquer um que ofereça mais que uma flor aos gendarmes armados até os dentes.
Nesse período se produziram atos de fascismo declarado por parte de governantes estaduais, com apoio irrestrito da gerência federal com a renegada Dilma, iracunda e desbocada, a insultar os manifestantes colando-lhes o desqualificativo de "arruaceiros", em coro, com a histeria de sempre do monopólio da imprensa. Mais ainda, covarde por não tocar sequer nos arquivos e crimes do regime militar, senão que encenar com uma burlesca "Comissão da Verdade", esmera-se nos procedimentos de despachar forças repressivas, mandar prender e encobrir vergonhosamente a situação de dezenas de presos políticos, tratados como os piores criminosos.
Foi também o caso de Cabral, no Rio de Janeiro, que, incomodado pelos protestos na porta de sua casa e com pena dos manequins de uma loja da zona Sul, cometeu um decreto que foi rapidamente apelidado de "AI-6", que até entre a reação causou espécie. Na ânsia de sufocar os protestos e dar rápida satisfação ao monopólio da imprensa e a seus patrões, o decreto criou uma tal comissão de investigação de atos de vandalismo, na verdade um DOI/Codi fluminense, que teria poderes quase ilimitados na área da repressão. Excetuando recuos pontuais devido a manifestações indignadas de renomados juristas, manteve-se a essência do decreto.
Esse é o retrato de um governo que promove a "caça às bruxas", mas não diz onde está Amarildo.
E ainda que seja sinistra a situação dos presos políticos participantes de manifestações populares nas cidades, ainda mais tenebrosa é a situação de outras pessoas encarceradas por motivos igualmente políticos, já que lutavam por melhores condições de trabalho e aumento salarial em grandes obras, a exemplo do ocorrido em meados de junho nas obras da Mineradora Anglo American em Conceição do Mato Dentro, região central de MG. Operários da empresa Montcalm (empreiteira a serviço da mineradora), que em greve aguardavam negociadores da empresa, depararam-se com tropas da Polícia Militar que chegaram agredindo e prendendo, provocando a revolta dos operários que incendiaram galpões que serviam de alojamento. Há denúncias de que pelo menos três deles estejam presos incomunicáveis e que nem mesmo os advogados têm acesso a eles, medida sustentada por alegados de crime de terrorismo emitidos pelo Tribunal de Justiça do estado.
A PM cercou ostensivamente o canteiro de obras, convertendo-o num verdadeiro campo de concentração, tal como tem sido a rotina nas obras do PAC como Jirau onde a Força Nacional de Segurança mantem-se acantonada no interior dos canteiros de obras.
O povo brasileiro repudia esse tipo de democracia das classes dominantes, ditadura para as classes exploradas e oprimidas. As jornadas populares de junho/julho, por si só, não serão capazes de conquistar a democracia popular, mas apontam claramente que nada se pode esperar do velho Estado, posto que ele é o inimigo e verdugo do povo.
Na verdade a rebelião popular, ao rechaçar as principais instituições deste carcomido Estado e ao repelir com firmeza e energia os ataques brutais de seus aparatos repressivos, clamou e segue clamando por uma revolução. Que ouça quem tem ouvidos e veja quem olhos tem!

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