miércoles, 8 de julio de 2009

Brasil: Loita dos camponeses pobres.


Texto tomado da pagina Resistência Camponesa
Escrito por LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Seg, 06 de Julho de 2009
A floresta nacional Bom Futuro foi criada em 1988 como compensação ao impacto causado pela Usina Hidrelétrica do Samuel. Localizada no noroeste de Rondônia possui cerca de 270 mil hectares e desde 1995 quando se iniciaram as primeiras tomadas de terra na região tem sido o destino de centenas de camponeses em busca de terra. Hoje mais de 5 mil pessoas vivem e trabalham na região, cujo principal povoado é o distrito de Rio Pardo.

No final de abril teve início a maior operação ambiental já realizada em Rondônia com cerca de 400 homens do Exército, Abin, Força Nacional, Ibama, Polícia Federal, Polícia ambiental e Polícia Rodoviária, que ocuparam vários pontos entre a região de Buritis e Rio Pardo. Vários destes soldados e oficias do Exército brasileiro serviram no Haiti, onde o Brasil lidera uma força de ocupação e repressão ao povo daquele país há cinco anos e que tem servido de treinamento para operações como a que está ocorrendo na região.

Ao todo foram montadas três barreiras que controlam os acessos a área e impedem a saída de madeira e a entrada de gado, assim como alimentos, combustível e remédios num claro intuito de vencer a resistência das famílias pelo estrangulamento da economia local e do seu abastecimento. O rebanho bovino da área é calculado em 40 mil cabeças. Logo de início foram fechadas serrarias, olarias e fábricas de palmito na cidade de Buritis.Como o despejo das famílias atingia também grandes latifundiários o governador de Rondônia interviu acenando com a proposta de trocar esta área federal por outras reservas estaduais. Numa manobra política Cassol (PP) ameaçou paralisar as obras das Usinas do Madeira que dependiam de renovação da licença de impacto ambiental em áreas de preservação estadual. O ministro acuado pelos latifundiários e pelas empreiteiras das Usinas recuou cedendo a negociação. No acordo as unidades de conservação estadual Floresta Estadual Rio Vermelho, Estação Ecológica Serra dos Três Irmãos e Estação Ecológica Mujica Nava, num total aproximado de 180 mil hectares e que ficam as margens do Rio Madeira passam a ser administradas pelo Instituto Chico Mendes. Vale dizer que estas áreas serão alagadas pelas Usinas hidrelétricas e já se cogita a criação de novas áreas no sul do Amazonas com a expulsão de camponeses de suas terras para compensar os danos ambientais.

Quanto a Flona Bom Futuro, 140 mil hectares passam a ser administrados pelo Estado de Rondônia. Os outros 132 mil hectares permanecem sob proteção do Instituto Chico Mendes. Segundo o acordo as famílias serão mantidas nas terras e o governo estadual realizará a regularização fundiária beneficiando principalmente os grandes latifundiários e grandes madeireiros que representa. Mas a política ambiental criminosa a serviço do imperialismo na Amazônia seguiu sendo aplicada a risca pelos agentes do Ibama. Sob a proteção do Exército brasileiro, continuaram a multar camponeses, continuaram as barreiras e a ocupação da área com tropas e helicópteros e ameaçam retirar o gado da região. O plano do Ibama e das Ongs é obrigar os camponeses que permanecerem na área a sobreviver colhendo castanha da mata e produzindo cesto de palha como fez o "governo da floresta" do PT com os camponeses nas reservas do Acre.

Esta situação tem revoltado os moradores. No dia 29 de junho já havia ocorrido um ato herócico e desesperado em que o camponês Carmelino Lino da Silva atacou soldados do Exército e FN armados de fuzis, usando uma brasa de carvão. Carmelino chegou a dizer que estava decidido a matar ou morrer para defender suas terras, depois que sua mãe, uma camponesa analfabeta de 77 anos foi ameaçada por agentes do Ibama para assinar uma absurda multa de 392 mil reais, por 12 alqueires desmatados.

No dia 3 de julho uma viatura do Ibama foi incendiada dentro da área. Outra prova da indignação dos camponeses foi uma carta anônima com ameaças aos agentes do Ibama que desmascara a mentira de que a operação é pacífica e avisa aos agentes para não andarem na área, pois muitos moradores querem resolver o problema na bala. E conclui exigindo o cancelamento das multas. No total as multas contra camponeses na área somam mais de R$ 40 milhões e várias delas estão sendo aplicadas em áreas desmatadas há 14 anos, ou seja, quando ainda não havia sido criada a reserva florestal.

O resultado destas operações é desastroso para a economia das cidades com a expulsão de camponeses das terras, desemprego generalizado e quebradeira no comércio. Tudo para servir aos interesses do imperialismo e suas Ongs de "preservar" a Amazônia garantindo o controle e saque de nossas riquezas a exemplo do que já está em curso em Rondônia com a venda da floresta Nacional do Jamari para a exploração de madeira e minérios por grandes empresas estrangeiras.

O povo tem todo o direito de resistir e se defender de todas as formas aos abusos e humilhações do Ibama e de todas as forças policiais que oprimem, perseguem e impedem o direito do povo de trabalhar e viver com dignidade.
Fora Ibama e Exército, inimigos dos camponeses!

O povo quer terra, não repressão!

Pelo fim das multas, ameaças e perseguições ao povo trabalhador!

Viva a justa rebelião dos camponeses!

A Amazônia é do povo brasileiro!


LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

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